Pedaços dessa vida se perderam na chuva,
Eu acho que meus olhos andam meio doentes,
Vi sonhos e sorrisos se afogando na lama
E pesadelos enforcando velhos e adolescentes.
Meus dedos já não servem mais pra essa luva,
As unhas estão sujas com pedaços de pele,
As rochas resolveram descer as montanhas
E tudo o que resta é o sofrimento da gente.
Mas ainda existe amor
Nas mãos de quem quer ajudar
Aos que, de tanto insistir,
Ainda teimam em respirar.
Não há carros e pessoas trafegando nas ruas,
Do alto a dor não atinge quem esteve ausente,
Famílias destruídas pelas águas em fúria,
O sangue se esvai por entre as frestas dos dentes.
Agora o vento frio já não faz mais a curva
Onde, um dia, o sol da terra fez um lugar mais quente,
A lágrima que cai é minha, mas também é sua,
Diante da tragédia não podia ser diferente.
Mas ainda existe amor
Nas mãos de quem quer ajudar
Aos que, de tanto insistir,
Ainda podem respirar.