SHOW DE ROBERTO CARLOS ENCANTA PÚBLICO EM COPACABANA
26/12/2010 20:52
Um segredo, guardado durante toda a semana por sua equipe, acabou dando o tom do show que lotou a Praia de Copacabana numa musical noite de Natal, mas marcada por dores e superação. O próprio cantor deu a notícia ao público, logo após abrir o concerto com "Emoções", dizendo que, "depois dos 35 anos, não se deve andar de moto". Relatou então que, devido a um acidente, machucara o joelho esquerdo e não poderia cantar de pé. Assim, num banquinho, do qual só levantou para beber água e nos momentos em que deixou o palco para os números solos de seus convidados, quase sem sorrir e, em alguns momentos, com o rosto crispado pelo sofrimento, Roberto Carlos deu uma aula de profissionalismo, cantando por duas horas.
Segundo a assessora de imprensa do cantor, Ivone Kassu, o acidente de moto foi há seis meses, sem gravidade na época. Mas, na semana passada, Roberto sentiu muitas dores no joelho, que o obrigaram a adiar a entrevista coletiva marcada para a última terça-feira - quando falaria sobre o especial de TV e o lançamento de um cartão de crédito em seu nome. Até quatro horas antes do início, não se sabia se ele faria o espetáculo. Outra fonte, que preferiu não se identificar, contou que Roberto chegou ao Copacabana Palace acompanhado de dois médicos e, assim que acabou o show, desabou ao atravessar as cortinas, também caindo no choro. Ele teria passado a semana passada sem se levantar da cama. Além de ter adiado a entrevista, não participou dos ensaios com sua banda e seus convidados - só esteve no estúdio com a dupla Bruno & Marrone - e, pela primeira vez em décadas, não compareceu à festa de Natal que faz no fim de ano reunindo seus funcionários vindos do Brasil inteiro.
Banquinho e dores à parte, o público que lotou a Praia de Copacabana e os milhões de espectadores Brasil e mundo afora - em transmissão realizada com um atraso de cerca de 30 minutos-, tiveram o show de Roberto Carlos de sempre. Entre "Emoções" e o habitual "Jesus Cristo", cantou alguns sucessos, recebeu convidados muito aquém de seu talento - dando saudades do tempo em que passavam por seus especiais de Tom Jobim a Gal Costa, de Milton a Titãs, de Caetano a Erasmo - e homenageou a "anfitriã", numa bela e rápida interpretação da clássica "Copacabana", de Braguinha e Alberto Ribeiro, contando que ao chegar ao Rio, seu sonho era morar na "princesinha do mar, a praia mais linda do mundo".
Na areia, em frente ao grande palco, a qualidade do som era perfeita, e Roberto manteve a sua técnica e o seu estilo, cantando em tom preciso, sem abusar da dramaticidade, clássicos como "Além do horizonte", "Proposta" e "Côncavo e convexo". Nos encontros, ao chamar a cantora country-sertaneja Paula Fernandes, contou que a conheceu durante o tributo "Emoções sertanejas". Após o número solo de Paula, "Tocando em frente" (Almir Sater), Roberto voltou e elogiou o "estilo inconfundível" da jovem cantora. Já a entrada de Bruno & Marrone rendeu pelo menos uma piada, quando disse que costuma perguntar ao primeiro pelo "Azulone" - numa referência à sua ojeriza pela cor marrom. A melhor participação foi a do grupo Exaltasamba, que também apresentou o samba de enredo com que Erasmo Carlos, Eduardo Lages e Paulo Sérgio Valle concorreram, e perderam, na homenagem que a Beija-Flor fará a Roberto Carlos no carnaval de 2011. Melhor que o ganhador, apresentado por Neguinho da Beija-Flor e parte da bateria e dos passistas da escola de Nilópolis. Após o samba, Roberto cantou "Noite feliz" com o coral da escola de música da Rocinha e fechou a noite de música e dor distribuindo as rosas vermelhas e brancas de sempre ao som dos últimos acordes de "Jesus Cristo".