É a incapacidade de aproveitarmos a lactose, ingrediente característico do leite animal ou derivados (laticínios) que produz alterações abdominais, no mais das vezes, diarréia, que é mais evidente nas primeiras horas seguintes ao seu consumo. A intolerância à lactose se apresenta quando o intestino delgado não produz a enzima lactose o suficiente. O organismo dos bebês fabrica esta enzima para que eles possam digerir o leite materno. Mas, antes de os seres humanos se tornarem agricultores e produtores de laticínios, a maioria das pessoas não continuava bebendo leite em sua vida, de modo que não produziam lacta se após a infância
COMO SE DESENVOLVE?
Na superfície mucosa do intestino delgado há células que produzem, estocam e libera uma enzima digestiva (fermento) chamada lactase, responsável pela digestão da lactose. Quando esta é mal absorvida passa a ser fermentada pela flora intestinal, produzindo gás e ácidos orgânicos, o que resulta na assim chamada diarréia osmótica, com grande perda intestinal dos líquidos orgânicos.
Existem pessoas que nascem sem a capacidade de produzir lactase e, enquanto bebês, sequer podem ser amamentados, pois surge implacável diarréia.
A intolerância á lactose pode surgir em diferentes momentos da vida. Esta incapacidade de produção ou uma inibição temporária, por exemplo, pode acontecer na seqüência de uma toxinfecção alimentar que trouxe dano à mucosa intestinal.
Nas pessoas de raça branca, normalmente começa a aparecer em crianças com mais de cinco anos. Enquanto na raça negra, a condição geralmente ocorre até os dois anos de idade. "A deficiência de lacta se também pode ocorrer como resultado de doenças intestinais, como a celíaca e a gastrenterite, ou após uma cirurgia intestinal",
Igualmente, a dificuldade pode advir de lesões intestinais crônicas como nas doenças de Crohn e de Whipple, doença celíaca, giardíase, AIDS, desnutrição e também pelas retiradas cirúrgicas de longos trechos do intestino (síndrome do intestino curto).
A deficiência congênita é comum em prematuros nascidos com menos de trinta semanas de gravidez.
Nos recém-nascidos de gestações completas, os casos são raros e de caráter hereditário.
A concentração da lactase nas células intestinais é farta ao nascermos e vai decrescendo com a idade.
Nos EUA, um a cada quatro ou cinco adultos pode sofrer de algum grau de intolerância ao leite. Os descendentes brancos de europeus têm uma incidência menor de 25%, enquanto que na população de origem asiática o problema alcança 90%. Nos afro-americanos, nos índios e nos judeus, bem como nos mexicanos, a intolerância à lactose alcança níveis maiores que 50% dos indivíduos.
OS SINTOMAS
É variável de pessoa a pessoa e de acordo com a quantidade ingerida.
Assim, a maioria dos deficientes de lactase pode ingerir o equivalente a um ou dois copos de leite ao dia, desde que com amplos intervalos e não diariamente podem apresentar dor abdominal, inchaço abdominal, cólica, diarréia, fezes flutuantes ou com cheiro fétido, gases (flatulência), desnutrição, náuseas, crescimento lento e perda de peso e até uma inflamação no estômago, são sintomas que geralmente ocorrem após comer ou beber produtos lácteos.
A remoção dos laticínios da dieta geralmente melhora os sintomas. No entanto, não incluir o leite na dieta pode levar a uma carência de cálcio, vitamina D, riboflavina e proteína, alerta a Associação Americana de Gastroenterologia, Hepatologia e Nutrição Pediátrica. Esta deficiência pode ser compensada com alimentos como: vegetais folhosos, ostras, sardinha, salmão enlatados, camarão e brócolis e sucos com adição de cálcio
Os pacientes percebem aumento de ruídos abdominais, notam que a barriga fica inchada e que eliminam mais gases. Quando a dose de leite ou derivados é maior surge diarréia líquida, acompanhada de cólicas. A queixa de ardência anal e assadura são porque a acidez fecal passa a ser intensa (ph 6,0).
A maioria dos pacientes que só tem intolerância a lactose, não tem evidências de desnutrição, nem mesmo maior perda de peso. Quando isso ocorre, pode haver a associação da intolerância com outras doenças gastrointestinais.
COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO?
O médico pode fazer uma análise do sangue, um teste de bafômetro ou um exame de fezes para detectar se os problemas são devidos a esta intolerância
Freqüentemente a intolerância à lactose é sugerida pela história clínica, principalmente quando os dados são definidos e especificamente perguntados.
A diminuição de sintomas após algumas semanas de dieta livre de lactose serve como teste diagnóstico/ terapêutico.
O Teste de Tolerância à Lactose é o usado em nosso meio, pois não dispomos do Teste Respiratório, tido com o mais sensível e certamente o mais simples dos métodos.
Entre nós, o paciente recebe para beber um copo d'água contendo de 50 a 100 g de lactose e lhe é tirado sangue quatro a cinco vezes no espaço de duas horas. Quando a diferença entre a dosagem sangüínea da lactose de jejum e o pico da curva das demais medidas se mostrar menor de 20 MG%, o teste tem "curva plana" e é considerado positivo, indicando má absorção de lactose nessas pessoas.
Há possibilidade de erro nos diabéticos, entre outros. A ocorrência de diarréia, ainda no laboratório e ou nas primeiras horas a seguir, reforça a conclusão de diagnóstico positivo para intolerância à lactose.
COMO SE TRATA E PREVINE?
Uma vez caracterizado o diagnóstico, pode se prevenir novos sintomas não usando leite e laticínios. Usando-os, a prevenção é mediante a tomada de fermento sintético prévia a qualquer ingestão de lactose. Cabe salientar que vários medicamentos, inclusive antidiarréicos e anti-reumáticos contêm lactose no chamado excipiente, ou seja, no pó ou no líquido necessário para poder conter a substância básica num comprimido ou solução; isso é importante quando avaliamos os efeitos indesejáveis referidos pelos usuários.
COMO SABER SE O ALIMENTO CONTÉM LACTOSE?
Nos rótulos dos alimentos, procure pelas palavras: leite, soro de leite, requeijão, laticínios, leite desidratado, sólidos de leite e leite em pó. Se qualquer um destes ingredientes estiver descrito na embalagem, o produto contém lactose.
OBSERVAÇÃO: A alergia ao leite é diferente da intolerância à lactose. Ela é uma resposta do sistema imunológico do seu corpo a uma ou mais proteínas (caseína e soro são as mais comuns) encontradas no leite de vaca.
Esse distúrbio pode causar reações como inchaço dos lábios, boca, língua, face ou garganta. A alergia ainda pode gerar eczema, urticária ou erupção cutânea, vermelhidão e coceira na pele ou olhos. Problemas respiratórios como espirros, congestão nasal, tosse, espirros e asma também podem resultar de uma alergia a leite.