DEFESA ENTREGA ALEGAÇÕES FINAIS; BRUNO PODE IR A JÚRI POPULAR

04/12/2010 01:42
Os acusados Dayanne, Sérgio, Coxinha, Elenilson e Flavinho prestam depoimento nesta segunda. Foto: Ney Rubens/Especial para Terra

Suspeitos participam de audiência de instrução em Minas Gerais

Em um documento com mais de 100 páginas, baseado em laudos periciais e nos 20 volumes do processo que acusa o goleiro Bruno Fernandes de Souza do desaparecimento e suposta morte de sua ex-amante Eliza Samudio, o criminalista paranaense Cláudio Dalledone Júnior, que defende o goleiro desde a saída de Ércio Quaresma do caso, apresentou, na tarde desta quinta-feira, as alegações finais da defesa do atleta.

Por correio eletrônico, a defesa foi protocolada no Fórum de Contagem (MG), pouco antes de expirar o prazo final dado pela juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, da Vara Criminal daquele município. Ela deve decidir na próxima semana se Bruno e os outros oito réus no processo serão levados a júri popular.

Dalledone não quis comentar o teor das alegações, mas afirmou que na próxima segunda-feira estará no presídio de Contagem para uma visita a Bruno e para colocá-lo a par do andamento da defesa. Já na terça-feira, o criminalista estará em Brasília para fazer a sustentação oral de um pedido de um habeas-corpus impetrado em favor do atleta.

Quanto à possibilidade de outro advogado vir a participar da defesa do goleiro, Dalledone afirmou no final da tarde desta quinta que desconhecia qualquer iniciativa neste sentido. Porém, "se for da vontade de Bruno e se o profissional estiver imbuído das melhores intenções, não haverá impedimento por parte dele".

Na terça-feira, o Tribunal de Ética Disciplinar da Ordem dos Advogados do Brasil em Minas Gerais (OAB-MG) decidiu suspender o advogado Quaresma preventivamente por 90 dias. Os motivos da suspensão do advogado, flagrado em um vídeo no qual fumava crack, não foram revelados pelo tribunal, que salientou ter recebido outras denúncias contra Quaresma além do uso de drogas.

Em entrevista do jornal O Dia, ele afirmou ser dependente da droga há sete anos. "Estou me tratando com o maior psiquiatra do País em dependência química, e tive algumas recaídas. Mas nunca entrei num plenário doidão", disse. Em depoimento prestado ao Ministério Público de Minas Gerais, a dentista Ingrid Calheiros de Oliveira, que se apresenta como noiva do goleiro Bruno, acusou o advogado de fazer ameaças a ela.

Defesa de outros réus
Os advogados de Elenílson Vítor da Silva, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha, Fernanda Gomes de Castro, Dayanne Souza, Flávio Araújo, o Flavinho e Sérgio Rosa Sales entregaram as alegações finais à Justiça. Já defensores de Luiz Henrique Romão, o Macarrão e Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, devem fazê-lo somente no inicio da próxima semana.

A reportagem do Terra conseguiu contato com cinco advogados. Marco Antônio Siqueira, que defende Sérgio, pede à juiza que o cliente seja colocado em liberdade para se submeter a exames com psicólogos. Ele considera o primo de Bruno "apenas uma testemunha," não réu.

Siqueira solicita também a anulação do depoimento prestado por Sérgio no Fórum de Contagem. Ele alega que o cliente sofreu ameaças de outros advogados e réus e por isso estaria transtornado durante a audiência. Já o defensor de Macarrão, Américo Leal, pede que ele não seja mandado a júri por falta de materialidade direta do crime, já que o corpo de Eliza não foi encontrado.

Zanone Oliveira, advogado de Bola, vai solicitar que o caso seja levado para Vespasiano, cidade onde o cliente mora e onde o assassinato teria acontecido, segundo a polícia. Oliveira quer também que os delegados que fizeram a investigação sejam ouvidos e que novas testemunhas sejam intimadas. A defesa de Coxinha pede que seu cliente não seja mandado a júri popular por considerar que não há provas contra ele.

O caso
Eliza desapareceu no dia 4 de junho, quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano passado, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno.

No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas dizendo que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, de 4 meses, estava lá. A atual mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado.

Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de ônibus disse que seu sobrinho participou do crime e contou em detalhes como Eliza foi assassinada. O menor citado pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno no Rio. Ele é primo do goleiro e, em dois depoimentos, admitiu participação no crime. Segundo a polícia, o jovem de 17 anos relatou que a ex-amante de Bruno foi levada do Rio para Minas, mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.

No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime. Todos negam participação e se recusaram a prestar depoimento à polícia, decidindo falar apenas em juízo.

No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno responderá como mandante e executor do crime. Além dos oito que foram presos inicialmente, a investigação apontou a participação da atual amante do goleiro, Fernanda Gomes Castro, que também foi indiciada e detida. O Ministério Público concordou com o relatório policial e ofereceu denúncia à Justiça, que aceitou e tornou réus todos os envolvidos. O jovem de 17 anos, embora tenha negado em depoimentos posteriores ter visto a morte de Eliza, foi condenado no dia 9 de agosto pela participação no crime e cumprirá medida socioeducativa de internação por prazo indeterminado.

Fonte:terra.com

 

 


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